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Epístola à minha pulcra amiga Hosana

"Amiga, só amiga", diz-me ela. Sussurro que lhe saiu duma voz embargada e trémula. E continua "foi Deus que conspirou contra a tua pretensa decisão de me quereres. E eu, coitada de mim, apenas anui nesse sentido". De cabeça baixa, rente à gola de vestido de cor púrpura e, quiçá de seta já no imo, dissimula "sou enredada e não te posso esperançar". Esboça um gesto, tocando ligeiramente o fetiche de metal que tem no dedo, com denguice e com carícia, para meigamente me arrasar "afasta-te de mim, oh meu zeloso descaminho!". E faz isso num acesso fulminante de improviso e num...

Amigo e prestimoso lenitivo

Estava mais para lá do que para cá, quando a epifania me sorriu. Não me preparara para tamanha repentina quintessência. Tinha entrado em transe, caído na vulgata sensação de languidez. Com pé na linha-meta de declínio, era um mero ser alado que ali estava, oblíquo, arfado e a baloiçar, tal que ramo de oliveira lambujado no balofo de desejo, espalhando sua fragrância pela mui ansiada paz do cosmo. Ou, então, uma peça de vestuário, soltando-se do corpo do de cuiús, ficando ali no dorso de uma rocha, na sequência de estrondosa triste queda. Uma alma abrenunciada que se punha a...

Longo Post-Scriptum abordando levianas, gravíssimas e ignaras considerações do ministro Abrãao Vicente a um site português

Custa-me, sinceramente me custa, o que vou escrever a seguir. É doloroso para mim dirigir-me nos termos em que o vou fazer a alguém que é jovem, por quem tive pessoal estima, mas sobretudo porque faz parte do governo do meu querido país, desta soberana república de todos nós. Mas a isso fui obrigado; não me deixaram outra via ou outra saída.